Mil e Uma Noites
Sinopse
Mil e Uma Noites é um projeto cívico e artístico de longa duração que, através do teatro radiofónico, resgata do esquecimento a obra de mulheres portuguesas do século XX. Qual Xerazade, embalam-se os ouvintes, apaixonando-os por uma constelação de mulheres esquecidas, apagadas, censuradas e torturadas. No Teatro São Luiz, acontecem dez sessões de escuta, a partir de temáticas tão distintas como canções de trabalho ou cartas de guerra.
Histórico de apresentações
A primeira sessão canta e fala da mulher através de textos e cantigas passadas de boca em boca, propondo uma viagem no país de vozes. Começa-se em Alegrete – aldeia na Serra de S. Mamede (Portalegre) – e navega-se à bolina entre o Alto Douro, Sousel e Arouca. Questionam-se tons, sotaques, brinca-se aos amores e aos trabalhos, canta-se, também. Porque quem canta, já se sabe, seus males espanta.
Quando escrevemos para a infância, estaremos também a escrever sobre as nossas infâncias? Através de textos de Maria Regina Louro, Zulmira Oliva, Vitorina Agostinho, Celina Pereira, Deolinda da Conceição e Matilde Rosa Araújo, abraçam-se pensamentos de crianças sobre o mundo e propõe-se ouvir e refletir sobre o dia das mulheres-a-dias, sobre as noites das meninas abraçadas a bonecas, sobre a madrugada das mulheres aninhadas aos filhos, sobre as mulheres que, sem que ninguém publicamente as admire, limpam e sonham o mundo.
A partir do livro homónimo, lançado pela URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses, trabalha-se o espólio de cartas de Ivone Dias Lourenço, Maria Luísa Costa Dias, Aida da Conceição Paula, Maria Alda Nogueira, Fernanda Paiva Tomás, bem como testemunhos que permitem vislumbrar a resistência feminina e feminista ao regime que assombrou Portugal entre 1933 e 1974.
Judith Teixeira viu a sua obra Decadência ser queimada, devido à liberdade com que escreveu sobre o seu corpo e sobre os corpos que amou. Esta sessão traça, a partir dela, uma poética sobre o erotismo do corpo, para a qual convoca também as palavras de Beatriz Rodrigues Barbosa, Maria Helena Barreiro, Fiama Hasse Pais Brandão e Maria Teresa Horta. Entre o sussurro e o grito, fala-se corpo a corpo, olhos nos olhos, sobre amor.
Maria Lamas escreveu uma das obras feministas reconhecidamente fundamental à História do século XX: Mulheres Do Meu País. Esta sessão trabalha o universo autobiográfico de, para lá de Maria Lamas, outras quatro mulheres: Natércia Freire, Maria Archer, Fernanda de Castro e Maria Velho da Costa, pioneiras, revolucionárias, acutilantes, que emprestam instrumentos de leitura preciosos para viajar no tempo. Mais do que uma reflexão imediata sobre que mulheres fomos no século passado, importa refletir também sobre quem somos – e com que liberdade de ser e de estar somos hoje, no século XXI.
Direcção Artística – Cátia Terrinca
Dramaturgia – Ricardo Boléo
Pesquisa – Cátia Terrinca e Raquel Pedro
Interpretação – Cátia Terrinca e Mariana Bragada
Iluminação – João P. Nunes
Sonoplastia – Mariana Bragada
Design – David Costa
Apoio – Antena 2
Produção – UMCOLETIVO
Intérprete convidada – Patrícia Andrade
Intérprete convidada – Ana Lua Caiano
Criação – UmColetivo
Dramaturgia – Ricardo Boléo com Cátia Terrinca, Cheila de Lima
Investigação – Raquel Hilário Pedro
Desenho de luz – João P. Nunes
Figurinos e espaço cénico – Ana Luís, Luís Costa, Matilde Brito (alunos da Escola António Arroio) com coordenação de Raquel Hilário Pedro
Design – David Costa
Som, gravação e mistura áudio – Ivo Reis, João P. Nunes
Espaço cénico – UMCOLETIVO
Produção – UMCOLETIVO
Apoio à produção – Direção Regional de Cultura do Alentejo
Coprodução – Teatro Nacional D. Maria II em parceria com Fundação Calouste Gulbenkian, Antena 2, Materiais Diversos e CAE Portalegre
Intérprete convidada – Elizabeth Pinard
Intérprete convidada – Patrícia Andrade
Intérprete convidada – Ana Mónica
Aqui, sem água nem terra, as mulheres atravessavam à noite as montanhas para ir lavar a roupa noutros lugares. Assobiavam para afastar os homens, sonhavam com a revolução para se aproximarem da liberdade. Mulheres que ousaram sair de Alcanena, para ver além dos óculos. Mulheres que regressam em poemas e histórias que escrevem para parir a pele. Essas histórias, que hoje contamos nas nossas vozes, ainda há poucochinho colhemos nas vozes e nas letras delas. Mulheres a quem o tempo não deixou serem bombeiras nem enfermeiras e, ainda assim, vão salvando o mundo.
Mil e Uma Noites: Saia da Cabeça de Pedra é uma peça de teatro radiofónico gravada ao vivo em Alcanena, a partir da vida e obra de mulheres de várias gerações, que foram convidadas a revelar a sua atividade de escrita e a partilhar as histórias e contextos em que a desenvolveram. Depois de uma residência artística desenvolvida de 1 a 10 de Setembro, e depois da apresentação pública informal de hoje, a peça de teatro radiofónico criada a partir destas vozes, regressa à Biblioteca Municipal de Alcanena na forma de uma instalação sonora. No dia 6 de outubro, data da inauguração, haverá uma conversa com algumas destas autoras e a equipa artística que desenvolveu o projeto e, ao longo do festival, será possível mergulhar nestes universos tão singulares quanto pouco conhecidos.
Depoimentos – Aida Costa, Aldina Marques, Alzira Bento, Fernanda Costa, Hermínia Caetano, Maria Manuela Carvalho, Maria Teresa Félix, Natércia Maia e Zulmira Bento textos de Alzira Bento, Hermínia Marta Caetano, Manuela Baptista, Maria Manuela Mateus Rodrigues, Maria Nazaré Vieira Nico Lopes, Maria Lucília Moita, Maria Zabeleta, Odete Cláudio, Teresa Maria Santos Félix e Zulmira Bento
Interpretação – Cátia Terrinca, Andresa Olímpio
Dramaturgia – Ricardo Boléo a partir de material literário recolhido em Alcanena
Investigação – Cátia Terrinca e Raquel Pedro
Concepção e construção cenográfica – Ana Luís Pires, Luís Costa
Captação e mistura de som – João P. Nunes
Edição e masterização sonora – Ivo Reis
Fotografia de cena – Estelle Valente
Criação e produção – UMCOLETIVO
Intérprete convidada – Sara Brandão