Olha a Bruxa Nicolau

Nicolau não faças fitas
Tem cuidado com os enguiços
Pois eu sei que tu acreditas
Nessa coisa dos feitiços

Olha a Bruxa, Nicolau
Cancioneiro Tradicional Português

A noite, somos invisíveis.
O manto escuro que adormece o Sol faz-nos esquecer as cores do mundo, acende a imaginação e ateia rastilhos desconhecidos.

O Nicolau é a criança que somos todos.
Personagem coletiva que fomos urdindo, como se fôssemos Penélope, para desfazer medos: assim honramos a Lua, luz secreta no breu, assim nomeamos as bruxas, mulheres magas do oculto, assim cantamos para que a voz aproxime as nossas almas do mundo.

Olha a Bruxa, Nicolau é um espetáculo de curiosidade pelo que desconhecemos. E, depois da curiosidade, é um espetáculo de amor pelo que desconhecemos.

Trata o medo por tu, lembrando-o que ele é aliado da curiosidade e que precisam apenas de tranquilidade para caminharem juntos.

Juntos, entre o medo, a curiosidade e a nossa identidade, palmilhamos o caminho longo das estórias: as bruxas não são más, afinal.
São mulheres curiosas que acordam com as ervas na primavera e fazem ciência com os seus chás, com os seus xaropes.
São mulheres que sabem como acreditar nas palavras — como os poemas também acreditam, ou como nós acreditamos também nas que vêm escritas na lei.

A lei é feita das mesmas palavras que os poemas.
Os poemas são feitos das mesmas palavras dos Santos.
Os Santos são feitos da mesma matéria dos medos.

Afinal, tudo é também sobre acreditar.
Ser capaz de ver aquilo que os dedos não conseguem encontrar no mundo.
De que são feitas as coisas invisíveis? Os pensamentos, os sonhos, as saudades, os desejos?

E fomos educados para o medo
Cheiramos flores de medo
Vestimos panos de medo

– o medo, de Carlos Drummond de Andrade

Dramaturgia – Ricardo Boléo, a partir de Bruxas, Feitiços, Defuntos e Aparições de Maria Manuela Couto Viana e de registos de tradição oral
Interpretação – Cátia Terrinca, Cheila Lima e Patrícia Andrade
Cenografia – Bruno Caracol, com (estudantes de Realização Plástica do Espetáculo da Escola Artística António Arroio) Ana Seguro, Bia D. Sousa, Celina, Iara Cassamé, Júlia Barradas, Laura Anahory, Lee Afonso, Leo, Michelle Gonçalves, Margarida Costa, Joana Gonçalves, Patrícia Silva, Sara Jorge, Sisi Lungu e Sofia Serrano acompanhados dos professores – Hugo F. Matos, Luís Santos e Sérgio Reis
Figurinos – Raquel Pedro, com (estudantes de Realização Plástica do Espetáculo da Escola Artística António Arroio) Alexandre Mineiro, André, Ângela Vieira, Beatriz Almeida, Pipa Bucho, Jojo, Leonor Garcez e Maria Santana acompanhamento dos professores Hugo F. Matos, Luís Santos e Sérgio Reis
Luz – João P. Nunes
Som – Sara Santos (estagiária da Escola Superior de Tecnologia, Gestão e Design do Instituto Politécnico de Portalegre)

Vozes (crianças) – Aurora Cordeiro Campos, Bibas, Gaia Lepolard, Jacinto Terrinca Nunes, João Santos Cruz,
Joana Santos Cruz, Maria Luísa Curinha Galego, Maria Teresa Curinha Galego e Simone Assis Pires

Vozes (mulheres) – Ermelinda, Luísa Castro, Maria Arcângela, Ana Delgado, Amália Oliveira, D. Ilda, Diana Almeida, Margarida, Maria Leopoldina e Rosalina Maria

Mediação e públicos – Rui Salabarda
Apoio à criação – Ricardo Guerreiro Campos e Sara Afonso
Produção – Luís Eduardo Graça
Fotografias – João Versos Roldão

Recolha de mezinhas (Estudantes do 11.º E ESSL) – Maria Madalena Lourenço, Duarte Carrilho, Ana Filipa Jesus, Ana Beatriz Cardoso, Clara Mendes, Dalila Ventura, Ricardo Gonçalves e Guilherme Cardoso Acompanhamento das professoras: Inês Proença e Teresa Simão

Ilustrações (Alunos da EBI Monte Carvalho) – Caetana Gonçalves, Gabriela Fernandes, Jacinto Terrinca Nunes, Margarida Pereira, Maria Joana Bezerra, Simone Assis Pires, Ana Júlia Alves, João Santos Cruz, Afonso Pereira, Ana Leonor Dimas, Benedita Nunes, Clara Mangerona, Henrique Lacerda, José Maria Lupi, Manuel Modas, Maria Beatriz Esperancinha, Maria Luísa Curinha Galego, Maria Teresa Curinha Galego, Rodrigo Lavadinho, Sofia Nunes, Ana Margarida Narciso, Francisco Freitas, Gonçalo Vintém, Joaquim Nova, Manel Batista, Maria Cora Vintém, Matilde Miranda, Matilde Pequito, Pedro Lavadinho, Tiago Barradas, Joana Cruz, Afonso Machado, Beatriz Bailadeira, Carlos Sotero, Carminho Fernandes, Cloé Menichetti, Hugo Cardoso Martins, Martim Ferreira, Martin Lavadinho, Matilde Pacheco e Miguel Santana, acompanhamento das professoras: Célia Pedras e Maria Gléria Lindo

Agradecimentos – Aurizia, Beatriz, David Couto Viana, Helena Raimundo Rosado, Ivo Reis, Maria Antónia Barata, Padre Fontes e Ti Margarida

Parcerias – Escola Artística António Arroio, Escola Secundária S. Lourenço, Escola Secundária de Montemor-o-Novo,
Escola Básica Monte Carvalho, Junta de Freguesia de Ribeira de Nisa e Carreiras, Loading e Boleima

Co-produtores – CCB / Fábrica das Artes, CAE Portalegre, Teatro do Noroeste, Municípios de Portalegre, Avis, Elvas,
Ponte de Sor, Montalegre, Montemor-o-Novo, Figueira da Foz e de Miranda do Corvo

UMCOLETIVO é uma estrutura financiada pela DGArtes e pelos Municípios de Portalegre, com o apoio dos municípios de Avis, Elvas e Ponte de Sor.

Ilustração de capa – © Raquel Pedro, a partir da fotografia do livro Mulheres do Meu País, de Maria Lamas